A oposição

A oposição
Porque há o direito ao grito. Então eu grito. (Clarice Lispector)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mais uma dos DEMos e do PSDB

Não sei se já foi dito, mas um dos grandes programas da televisão brasileira, atualmente, tem sido o CQC - Custe o Que Custar -, um programa que, como costumo dizer, muito provavelmente não passaria na Rede Globo. Um dos quadros mais interessantes do programa é o "Controle de Qualidade", no qual o repórter Danilo Gentili faz perguntas aos Deputados e Senadores sobre assuntos da atualidade. E foi nesse quadro que encontrei mais um motivo para escrever: a pergunta era sobre o tema da redução da jornada de trabalho, de 44h para 40h semanais. O repórter Danilo Gentili, com a intenção de testar os parlamentares, perguntava, maliciosamente, se eles eram contra ou a favor de tal medida, a fim de saber se os mesmos sabiam, também, de quanto para quanto seria a redução. Além do fato esdrúxulo de muitos não saberem a atual jornada e para quanto seria a futura, o que me chamou a atenção foi as opiniões dos parlamentares do DEMo e do PSDB - se não existisse televisão e youtube, muitos diriam que eu estava mentindo -. Alguns diziam: "Se for assim, ninguém vai querer trabalhar mais", ou "vai atrapalhar o crescimento do país", ou um seco "eu sou contra". Por incrível que pareça todos que falaram isso pertenciam ao DEMo e ao PSDB.
Certa vez, escrevi sobre a distinção entre esquerda e direita no Brasil, e que devido ao nosso sistema democrático-burguês, muitas vezes nos vemos em dificuldade em identificar o que é a "esquerda" e o que é a direita. Até porque, nos dias de hoje, a direita vem adotando cada vez mais o discurso da esquerda, embora as práticas continuem sendo de direita. Se no discurso, fica difícil a gente identificar, na prática fica fácil. É só lembrar que o Azeredo(PSDB-MG) é o mesmo cara que defende a cota de 40% para as carteiras de estudante e também o AI-5 Digital. O problema é que a direita conservadora nem sempre consegue se maquiar com o discurso de esquerda, o discurso em favor do povo. E é nessas horas que ela mostra suas verdadeiras garras: "Se for assim, ninguém vai querer trabalhar mais", ou "vai atrapalhar o crescimento do país".
Para os direitistas, resta saber que a redução da jornada de trabalho é uma norma jurídica. Uma obrigação da OIT , que diz ter de haver a redução gradual da jornada de trabalho, gerando assim, mais qualidade de vida para o trabalhador. Dessa forma, o trabalhador com menos tempo de trabalho, pode produzir de forma menos estressante, beneficiando também o setor empresarial, que teria de gerar mais empregos, logo, a "roda da economia" poderia se aquecer ainda mais, com mais pessoas produzindo, mais pessoas consumindo. Além disso, a redução da jornada de trabalho prevê um aumento do valor da hora extra, de 50% para 75% do valor da hora normal, estimulando ainda mais a contratação de funcionários para cumprir as horas restantes, já que para o empresariado, seria mais complicado pagar 75% pela hora extra, podendo pagar mais funcionários para produzir por mais tempo. Se os custos ficarem pesados para os empresários, a discussão não deve ser sobre reduzir ou não, mas discutir políticas de Estado, principalmente as tributárias, para que seja possível ser reduzida a carga de trabalho. Dialogando com o governo, formas de abater impostos, a fim de tornar-se uma realidade.
O que os DEM0s e o PSDB esquecem é que oferecendo qualidade de vida ao trabalhador, o benefício é mútuo, o que eles parecem esquecer é que o trabalhador não é máquina. O trabalhador quer e tem o direito de frequentar um teatro, um cinema, um estádio de futebol. O trabalhador tem o direito à cultura e ao lazer. O trabalhador tem o direito de viver.
Nilson Wellazquez