A oposição

A oposição
Porque há o direito ao grito. Então eu grito. (Clarice Lispector)

domingo, 26 de abril de 2009

Entrevistando um professor

Quem se importa?
Eles estão mesmo por todos os lados...


Entrevistador: - Afinal de contas, o que vc pode me dizer de novo sobre eles?

Professor: - Ontem um deles me abordou na rua...

Entrevistador: - E o que ele queria com o senhor

Professor: - Parecia preocupado, e me pediu oração...

Entrevistador: - O que o senhor respondeu?

Professor: - Eu disse que iria orar por ele, ele era um jovem envolvido com o tráfico que estava preocupado.

Entrevistador: - E qual era a sua preocupação?

Professor: - Ele estava pra morrer...

Entrevistador: - E como o senhor se sentiu ante a afirmação?

Professor: - Aquilo foi como uma facada em meu coração

Entrevistador: - Eu, compreendo, a que se deve isso?

Professor: - O mal está arraigado na família deles...

Entrevistador: - E qual o seu maior problema com isso?

Professor: - Que eu não posso chegar até essa família...

Entrevistador: - E qual a sua realidade?

Professor: - eu me deparo com situações nas quais os alunos não tem nem educação doméstica, enquanto que numa aula de 50 minutos eu tento pôr algo de bom na cabeça deles, o resto do dia eles recebem coisas más. 50 minutos é muito pouco pra fazer com que eles vivam uma convivência social de dignidade, e olhe lá, porque há dias que é impossível falar alguma coisa...
Você deveria contemplar o meu descontentamento e tristeza quando eu coloco um aluno pra fora, eu coloco, mas morrendo de pena.

Entrevistador: - E por que você o faz?

Cidadão: - É o jeito, se não eu não vou conseguir fazer nada com os outros.
Pronto, já chega. Eu vou embora, tenho que estudar...
Vou me organizar para amanhã

E aos que não terão mais amanhã? As nossas condolências, pois no final das contas, o sol sempre nasce e temos que continuar.

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