A oposição
Porque há o direito ao grito. Então eu grito. (Clarice Lispector)
sábado, 11 de abril de 2009
Parasitas
Cheguei em casa, era tarde, meus móveis e meus livros permaneceram estagnados em meio ao mundo de papéis, palavras, bebida e insinuações perniciosas. Olhei no canto da parede e vi uma dúzia de vermes tentando se movimentar em meio ao caos de papéis e lixo, pobres criaturas, provavelmente regogitadas de algum animal um pouco menos asqueroso, que obviamente não era acéfalo como elas, mas que comia as próprias fezes, já que aquilo era tão típico no meu mais recente lar. Diante da minha iminente compaixão decidi, eu só tive uma alternativa, peguei-as com as minhas mãos, mãos com as quais no dia anterior eu atirei pedras nas mesmas, segurei-as com carinho, eram mesmo asquerosas, como escorregavam, levei-as a minha boca, senti o amargor engolindo-as gentilmente para que elas não se ferissem, para que elas vivessem no meu organismo, se alimentassem do meu sangue, e, como eu, vivessem do meu suor, talvez a eles não bastem à ilusória hipocrisia com a qual nos definiram. Parasitas.
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Muito massa!!!
ResponderExcluirPossui uma qualideda poética na narração louvável...
Adorei mermu...